segunda-feira, 18 de maio de 2009

Séries Brasileiras

Quer ver o encontro da arte e da ecologia? Então acesse o vídeo Séries Brasileiras! Trata-se de um fantástico trabalho desenvolvido pelo artista Rogério José dos Santos. Caso tenha se interessado por uma de suas obras, envie e-mail para: rogeriodosto@yahoo.com.br.

Ah... A edição do vídeo leva a minha assinatura.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Jornalistas com complexo de Clark Kent?


Talvez a dupla Joe Shuster e Jerry Siegel não soubesse, mas em 1938 acabaram por criar o personagem que viria a se tornar um dos divisores de águas na história das Histórias em Quadrinhos. O conceito de super-herói é inaugurado nessa época com o surgimento do Super-homem, o primeiro herói dotado de poderes além das capacidades humanas. O personagem, inovador para a época, era capaz de proezas que só encontravam comparativos nos deuses e semideuses mitológicos.Ao contrário da maioria dos heróis da época que viviam em tempo integral sua missão de paladinos da verdade e da justiça, o Superman contaria com uma identidade secreta, para poder transitar livremente entre os humanos e tentar, quem sabe, levar uma vida normal e ter os seus momentos de descanso. Ao alter ego do “Homem de Aço” foi dado o nome de Clark Kent, um humano aparentemente normal.Mas como justificar a presença de Clark Kent nas mais variadas situações de perigo? Que desculpa poderia ser usada para o alter-ego do Super-homem estar presente no momento certo, na hora certa? Como explicar, sem colocar em risco sua identidade secreta, que o Sr. Kent, sempre tinha em primeira mão informações coletadas sabe-se Deus de onde? A resposta estaria na profissão do personagem, portanto o Super-homem, ou Clark Kent, estaria fadado a partir daí a ser um jornalista.A identificação do personagem com a profissão, definida por Gabriel Garcia Márquez, como “a melhor profissão do mundo”, não foi uma mera casualidade. “Grandes poderes implicam em grandes responsabilidades” já dizia Jonatan Kent ao seu filho adotivo Clark ainda em sua adolescência. Informação é poder, logo quem tem a informação como matéria prima, tem em suas mãos uma grande responsabilidade. Inebriados com o glamour da profissão, a cada ano, milhares de jovens adentram as universidades com o sonho de estar o mais próximo possível desse poder ou quem sabe, mais ainda, tornar-se o quarto poder afim de fiscalizar os outros três. Além disso, há também a questão do grande poder de transformação que a informação pode trazer ao mundo. Talvez esteja aí o que mais aproxima o jornalista do estereótipo do herói: Alguém que acredita que por meio da informação o mundo possa ser transformado em um lugar melhor para todos os seres humanos. Afinal, que poder é esse? Quais são os objetivos reais de quem enfrenta essa profissão? Há alguma relação comparativa entre o Último filho de Kripton e os “artífices da palavra”?

O jornalismo que não tá no gibi


Quem não se lembra das aventuras do repórter belga Tim Tim, de 1929 ou não perdeu o fôlego com as peripécias de Peter Parker para levar a melhor foto ao jornal? Ou ainda, não tenha se surpreendido com as desculpas que Clark Kent inventa para ausentar-se da redação do Daily Planet? Conspirações a parte, a figura do repórter foi apropriada pelos quadrinhos apenas em função da mobilidade que a profissão possibilita ao personagem. Contudo, nem sempre a imagem transmitida pelos quadrinhos sobre a profissão condiz com a realidade. Gley Fabiano C. Chavier, coord. de pós-graduação da Fac. Senac de Comunicação e Artes diz não se preocupar com essa questão e afirma que a HQ é uma reeleitura da sociedade e não a descrição objetiva de uma determinada profissão. “Acho que nenhum desenhista se preocupa em descrever sucintamente uma profissão, até porque se ele se preocupar, corre o risco de perder leitores, inclusive os jornalistas. Ninguém quer ler HQ para ver a sua realidade. É muito chato”, conclui. Apesar de viver uma de suas maiores crises mundiais, devido a concorrência desleal dos heróis japoneses e o encarecimento dos custos de produção das editoras de HQ. O Brasil apresenta uma das maiores produções de quadrinhos alternativos do mundo, são inúmeros fanzines e diversas produções de mídia alternativa deste segmento pelo país inteiro. O prof. Gley Fabiano diz ser lançado mais de 50 HQs nas bancas brasileiras mensalmente, ”Sempre haverá alguém querendo ler uma história em quadrinhos bem contada”, ressalta o professor.Do outro lado da galáxia, no mundo dos jornalistas, as HQs são utilizadas pelo profissional como forma de mídia alternativa, transitando entre as tiras de fanzines e boletins sindicais às charges e caricaturas dos jornais da grande imprensa. Um exemplo de que HQ é coisa séria fica por conta das mais de 200 páginas dos ditos quadrinhos-reportagem, de Palestina: Uma nação ocupada ou Área de segurança: Gorazde, os dois de autoria do jornalista norte-americano Joe Sacco. Definitivamente, os quadrinhos se prestam ao jornalismo brilhantemente, pois, passam a informação de uma forma mais rápida e imediata.

Pra não dizer que não falei das flores


Assistia a TV, quando anunciaram com todo o destaque bombástico e característico da parafernália televisiva, uma entrevista com uma personalidade do jornalismo contemporâneo. Tratava-se de um dos maiores âncoras do telejornalismo norte-americano. Não pestanejei, apanhei uma boa xícara de café e me propus a assistir.A jornalista entrevistadora não dispensou a oportunidade de demonstrar seu vasto repertório a um ilustre colega de trabalho e foi logo despejando questões delicadas como a paz mundial, o apartheid e as mazelas latino-americanas. Mal permitia que o entrevistado raciocinasse tranqüilamente e já lhe artodoava ao exigir fórmulas práticas sobre questões políticas, econômicas e sociais compreendidas não só ao país do pobre jornalista, mas, em relação ao mundo. O desgaste estampado no rosto do entrevistado era nítido, aquilo que deveria ser um agradável bate-papo sobre suas preferências, opiniões e trajetória profissional, tornara-se uma situação incômoda e infindável.As respostas ora longas e ditas com sorrisos e olhares atenciosos deixavam a cena para dar espaço a respostas curtas e despreocupadas com o vocabulário empregado. Isso sem falar, naquelas respostas que serviam de notórias e indiscretas deixas para a revelação da desagradável situação. Em uma dessas mesmas respostas, ultrapassada as barreiras do protocolo, o jornalista a desafiou: - Sabe o que eu mais gosto de fazer?Ela enrubesceu no mesmo instante. Como o entrevistado já domado e situado no seu estado de inércia, ideal para jornalistas do tipo “dominadores”, se atrevia a responder uma de minhas questões com uma outra indagação? E o pior sobre suas preferências cotidianas. Não, isso definitivamente era um desrespeito a categoria, pensava ela.Para não demonstrar aflição e desconforto, lançou uma tática infálivel:- Como disse?Ele não se intimidou.– Lhe perguntei se você sabe o que mais gosto de fazer.Não restando-lhe escapatórias, ela respondeu um tímido não.Como que tomado pelo ânimo inicial presente na entrevista, respondeu:- Adoro cuidar do meu jardim.Ela limitou-se a balançar a cabeça como num gesto de afirmação, próprio dos jornalistas, e se pôs a escutar sobre plantações de rosas, gramas e mudas de bromélias típicas no outono.Parece que finalmente pode perceber além do profissional, um ser-humano como outro qualquer. Com certeza, aprendeu muito mais quando se propôs a simplesmente escutar sua fonte.